(en memoria de Serguei Esenin)
Sim, é certo, gastei meus   cotovelos nas barras dos bares.
As donzelas me amaram mas   preferia as putas. 
Talvez nunca devia ter   deixado
O país de tetos de zinco [*]  e   cercas de pau.
No meio do caminho da vida
Vago pelos arredores do   povoado
E nem sequer que se ouvem as   carretas
Cuja música amo desde   pequeno.
Despertei com vontade de   fazer um testamento
— desejo que lhe ocorre a   todo mundo —
Mas preferi olhar uma   pistola
A única amiga que não nos   abandona.
Tudo que se diga de mim é verdadeiro
E a verdade é que não me   importa muito.
Me importar sonhar com   caminhos de barro
E gastar meus cotovelos nas   barras dos bares.
“É melhor morrer de vinho que de tédio”.
Sem pensar que possa haver   novas colheitas. 
Tanto faz que as amadas   rolem de mão em mão
Quando se gastam os   cotovelos nas barras dos bares.
Não devia jamais sair do povoado
Onde qualquer um pode ser   meu amigo. 
Onde crescem as iniciais   gravadas 
Na árvore do túmulo de minha   irmã.
A aragem da manhão é sempre nova
E a saúdo com a uma velha   conhecida,
Porque mesmo sendo um   boxeador abatido
Vou dar minhas ultimas   patadas.
E com o orgulho de sempre
Digo que as amadas podem   rolar de mão em mão
Pois sempre é meu o primeiro   vinho que oferecem
E gasto meus cotovelos nas   barras do bares.
Como sempre voltarei para a cidade
Escutando um perdido ranger   de carretas
E sonharei com tetos de zinc   e cercas de pau
Enquanto gasto meus   cotovelos nas barras dos bares.
 
 








 
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